A perda auditiva neurossensorial
A
surdez (ou deficiência auditiva) nada mais é do que a perda parcial ou total da
capacidade de ouvir, manifestando diversos tipos de consequências no dia a dia
do indivíduo como, por exemplo, a dificuldade de se comunicar e compreender as
demais pessoas. De uma forma geral, a surdez pode ser congênita (ou seja,
quando a pessoa já nasce com esta deficiência), ou adquirida ao longo da vida
por aspectos diversos como doença, traumatismo ou predisposição genética.
No
caso da perda auditiva neurossensorial, a região afetada corresponde às
estruturas da orelha interna (composta pela cóclea e pelas células ciliadas,
responsáveis pela conversão das vibrações em impulsos elétricos, que são
direcionados ao cérebro pelo nervo auditivo). Essa doença pode ser causada por
lesões no nervo auditivo ou nas células ciliadas, diminuindo a transferência
dos sons para as orelhas externa e média. A perda auditiva neurossensorial pode
ser de dois tipos: unilateral quando afeta apenas uma orelha) ou bilateral (quando
ocorre nas duas).
Características da doença
A
intensidade da perda pode variar de acordo com o grau de degradação das
estruturas da orelha interna, sendo classificada como leve ou profunda. Entre
as principais causas da doença está a exposição a ruídos extremos, danos nos
nervos auditivos, uso de medicamentos ototóxicos, doenças como a diabetes e
hipertensão etc. Apesar de ser mais comum em pessoas idosas, a perda auditiva
neurossensorial pode afetar pessoas de todas as faixas etárias. Entre os
principais sintomas da doença, destacam-se:
- dificuldade
de identificar a direção do som;
-
dificuldade de compreender a fala dos demais;
-
dificuldade de ouvir em ambientes ruidosos;
- sensação
de zumbido no ouvido;
- volume
da televisão ou rádio em níveis elevados etc.
A
realização de exames auditivos é essencial para o diagnóstico precoce da
doença. Por isso, é importante ficar atento à sua saúde auditiva e procurar um
profissional assim que identificar a manifestação dos sintomas. As opções de
tratamento da perda auditiva neurossensorial incluem a utilização de aparelhos
auditivos e o implante coclear.
A surdez neurossensorial no dia a dia
Recentemente,
a empresária Benedita Casé Zerbini, filha da atriz e apresentadora Regina Casé,
causou grande surpresa ao revelar em suas redes sociais que é surda desde os
três anos de idade. Para o público, a surpresa veio pelo fato de que ela leva
uma vida “normal”: é formada em design gráfico, mãe de um filho de 2 anos e
possui uma carreira bem-sucedida, ao lado do marido e sócio com quem administra
uma produtora audiovisual.
Diagnosticada
aos três anos de idade, Benedita tem surdez bilateral neurossensorial severa,
que é uma perda originária dos danos do nervo que liga o ouvido ao cérebro.
Nesta condição, ela não consegue ouvir os tons agudos e quase não identifica os
tons médios e graves. “Não ouço campainha, apito, passarinho...”, explica.
Apesar
de ter nascido ouvinte, a surdez de Benedita teve origem no parto, onde aspirou
líquido amniótico e precisou ficar internada por quase um mês. Durante a
internação, sofreu uma série de complicações, que necessitavam de medicação. Um
destes medicamentos foi a Gentamicina, um antibiótico que costumava ser
utilizado em recém-nascidos e que pode provocar perda de audição.
Com o
passar do tempo seus pais observaram que, mesmo falando, era difícil
compreender o que ela dizia. Por isso passaram a buscar a razão pela qual isso
estava acontecendo, e seu diagnóstico veio através da realização de uma
audiometria, teste que permite avaliar a audição, quantificando as perdas auditivas
e verificando a capacidade de compreensão de fala.
O uso de aparelho auditivo
Aos
quatro anos de idade, Benedita continuou realizando as sessões de fonoaudiologia,
que contribuíram para o desenvolvimento da sua fala e melhor compreensão dos
sons, bem como passou a utilizar aparelho auditivo. “Isso mudou minha vida,
pois apesar de ele não ser suficiente para ouvir absolutamente tudo, me
possibilitou escutar tons e frequências que antes eram impossíveis. Também
mudei minha relação com a música.”, conta.
Em
entrevista, ela conta que resolveu falar abertamente sobre sua surdez para
mostrar às outras pessoas, que também possuem esta condição, que é possível
“levar uma vida normal e inclusiva”. Além disso, sua visibilidade foi uma forma
de incentivar as pessoas surdas a deixar de lado o preconceito e receio em
falar da doença, buscar ajuda profissional e identificar as opções que podem
contribuir para uma vida melhor, como o uso do aparelho auditivo, por exemplo.
Da
mesma forma, seu relato busca conscientizar os não surdos sobre esta condição e
desmistificar a ideia preconceituosa que muitos relacionam à surdez. “É muito
bom encontrar pessoas que têm um discurso parecido com o meu e que acreditam
que é possível, sim, ter uma vida leve e alto-astral”, afirmou Benedita, em
entrevista.
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